quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Aurora

Amanhecera, enfim. Lembrou-se que o domingo começara morno, costumeiro, como tantos. Sentira a falta das meninas, abrigadas na casa da avó. Um dia a dois, já há algum tempo não tinham a oportunidade, a vida os transformara – o trabalho, as tarefas, o tempo. Talvez a amizade permanecesse. Estranhos não eram. Conheceram-se quase meninos, ainda adolescentes. Época de poucas culpas, de muito entusiasmo.
Ele não desconfiara. O passeio no parque, mãos dadas, o almoço no restaurante, muita conversa, alguns sorrisos, nenhuma discussão. As malas prontas. A conversa final. A surpresa escancarada à sua frente. Não discutiu. Apenas obedeceu.
A noite indormida, naquele hotel desconhecido. O quarto estranho, insôsso, uma luminosidade esquisita a lhe ferir a alma. Hoje sabe que não foi a luz, nem a escuridão. Foi o passado. A história comum. A cumplicidade ficara em algum lugar do caminho. Ele apenas não se dera conta.
Um banho demorado, lavou junto mágoas e alegrias. Respirou fundo, pagou a conta e se foi. Para a vida. Para os novos amores. Mágicos, efêmeros, tórridos. Frutos do acaso, como todos. Acordara, enfim.



2 comentários:

Anônimo disse...

...e então, quando se chega no outono da vida, faz-se um balanço. Os débitos e créditos são lançados em função de nossos amores e desamores.... Pareces um sábio nessa contabilidade (hehehehe...)... bj. Maira

fatimagatha disse...

é o pensar no que passou, como tantas histórias vividas, a serem vividas, com marcas profundas, outras mais suaves........
um aprendizado sem fim.........

bjs,

fatimagatha