segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Eterno

No começo, naqueles vinte e tantos dias, foi muito divertido. Poder observar tudo e todos daquela maneira, assim despercebido, uma curiosa experiência. Ele se deslocava numa velocidade incrível, aproveitou e reviu umas gentes já há quase sumidas na memória, meio ao acaso. Quando se deu conta, aproveitou. Deliciou-se no papel de voyeur, espiou a vida de amigos e desafetos, observou sua própria rotina. Aquela vizinha interessante, de corpo escultural, jeito de santa, essa era voraz, deitava-se com todos. Nunca imaginara. Descobriu umas quantas manias dos que o cercavam, desnudou família e amigos. Sentia-se bem, muito agradado de se ver ali embaixo, ao lado de uns e outros, muitos outros, observar o seu próprio corpo e o dia-a-dia. Não pensara que aquela aula faria falta. Esotérico nunca fora, matriculara-se no curso por um perene ceticismo, nunca acreditara muito em nada disso, ainda mais em sair do corpo. Não conseguiu voltar.

Um comentário:

fatimagatha disse...

muito bom........

gostei!